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Que sei eu do que serei, eu que nao sei o que sou?

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"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.

Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas —
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas —,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?"

"What do I know of what I shall be, I who do not know what I am?
Be what I think I am? But I think of so many things!
And there are so many who think to be the same thing- there can’t be that many!
Genius? At this moment
A hundred thousand minds dream themselves geniuses like I do,
And history will not register, who knows? not even one,
Nor will it remain but manure from so many future conquests.

No, I do not believe in myself.
In every mental asylum there are mad deranged people with so many certainties!
I, who do not have any certainties, am more or less right?
No, not even in myself…
In how many garrets and non-garrets of the world
Are not there geniuses dreaming unto themselves?
How many aspirations high and noble and lucid-
- yes, truly high, noble and lucid-
And, who knows, maybe accomplishable,
Will never see the light of the real sun, nor be heard by human ears?"



Nesse vasto espaço se encontra um oceano que ainda não recebeu nenhum mérito do infinito. Savanas rodeadas de aldeias e singelos reinos parecem estar ali por milhares e milhares de anos com habitantes muito a frente de seu tempo, suas mentes parecem desligadas de seus próprios corpos. Leve em conta: uma gigantesca parcela dali é de um ventre devaneio. Vem a acelerar. Vira inspiração. É escondido. É enojado. Coloca-se valor. Dá esperança. Volta a acelerar. E daí vai se seguindo um ciclo sem fim, ou pra melhor dizer, vai se seguindo um grande rabisco abstrato e infantil. E para sua surpresa mal sabe cada ser vivo disto tudo, mal sabem de seu valor para qual aquilo tudo.

O vento foi soprando e em um breve tempo anunciou uma intervenção divina. Há meses alguém ali pedia paz. Foi-se assim uma parte incalculável de todo aquele belo, a primeira vez que isso ali acontecia e sem delongas um suposto dilúvio veio a levar o que ali sobrara. Sul. Norte. Leste. Oeste. Mas a tal passagem não era mais intervenção divina. Não haveria mais intervenções divinas.
 Lanço-te agora um vazio.

E agora lhe digo que ele ainda não foi embora, mas que se camuflou a experiência quando palavras sinceras em um papel qualquer foram banhadas a lágrimas. De repente tudo vai se reformulando, se reconstituindo mais maduro. Não existem mais espaços vazios e os devaneios por mais que por segundos, parecem reais. Em especial agora existe uma discreta torre para quando os ventos proclamarem intervenções divinas, lá dentro essa torre mostra que Você já sabe como é. E ela não cai.

Em uma manhã tão doce de tonalidades laranja uma senhora, que beirava os noventa anos contemplava o canto dos pássaros no caís. Fios de luzes radiantes pareciam pedir licença para atravessar seus fios brancos, era aurora. Logo um menino se postou ao lado dela com calma e comentavam como tudo aquilo era bonito e em instantes a Senhora lhe sorriu. E tirando do bolso de uma blusa de lã azul colocou em seu dedo um anel perfeitamente prateado. As únicas palavras que seguiram dela foram:
— Este lugar vai se distanciando de qualquer realidade. E a cada dia que se passa ele parece mais bonito, por você ter voltado.
Ao seguir seu caminho mansamente seus chinelinhos macios nem fizeram barulho com as madeiras e ao menino, um tanto emocionado, se virar para agradecer ela já não se encontrava mais. Ele nunca mais viu aquela doce Senhora novamente.

/ Infinito.
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