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O mundo inteiro girando como uma roda gigante.

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— Oi gente, hoje vou dar uma voltinha de moto pra vocês verem como eu sou piloto de fuga! Disse engatando o triciclo azul e vermelho na terceira marcha deixando soltar um risinho gago. Protegendo-se do frio, duas cabeças fechadas dentro do capuz do moletom, duas em bonés e outra trançada a lã amarrotada, na praça, os cantos, o meio fio e o banco de concreto cristalizavam-se passando pelas brechas e também esquinas; tentava forçar o nó no laço do queixo enquanto o que ali tinha dormido horas extras (até duas da tarde) descarregava a energia em beijos na ruiva que dormira menos de seis horas e tinha ainda o gosto da neblina da cinco da manhã na boca. Seis pontos num canto calado da cidade, saídos de outro canto calado e mais gelado logo acima dos mirantes, mapas da pirataria, com o motorista de alargadores na orelha trazendo um macaco fugitivo a comer cigarros em cima do capô do carro. O pirata, que por ser seu último dia de férias roubara todo tesouro do dizimo da feira do milho para comprar ao seu amor um bolo feito, a enfeitar com diamantes e pedras preciosas os seus quinze anos; com amigos com pelo menos o nome de apóstolos bíblicos se sentia menos criminoso; imagina um ladrão na porta da igreja — sem largar o maldito cigarro do qual eu ainda tentava desastrosamente aprender a tragar devidamente.
 


Arquivos.mp3 de entretenimento juvenil, músicas organizadas com tags e imagens. Continuavam sentados no chão (sendo aquele ou outro ponto daquele mesmo chão) desde aquela quinta-feira da qual se conheceram. Além do cabelo vermelho chegando no encontro demarcado pelas costeletas do rebelde. O cara com dreads, estes estampados na noite lhe davam uma aparência de descobridor dos seus últimos dias como vagabundo, rebaixaram lhe o cargo mantiveram seu registro e salário (fizeram o mesmo com os Ganeses que chegaram ao país) e lá estava andando feito tonto sobre o parquinho apagado.


Acaba descobrindo que sua mãe justiçando-se com versículos bíblicos de autores esquizofrênicos quis espantar as crianças enxeridas da companhia de seu filho, o plano era prendê-lo no alto da montanha russa, mas quem foi parar lá acabou sendo o garoto que prendera o tênis com silver tape e que nunca tinha ido numa coisa dessas, e já que era pequeno demais para queimar a propagação do evangelho sozinho (sem vandalismo) amorteceu-se na cabine enferrujada do brinquedo, com risco de desabar como qualquer obra construída em terra brasileira. As famílias conservadoras espalhadas como pontinhos pelas atrações mal-acabadas do parquinho não pareciam incomodar lá de cima, não pareciam os tumultos dos metrôs também, pensou por um instante esse ser o motivo de uma força natural maior não fazer questão de esmaga-los urgentemente, como um meteorito ou terremoto — ou por saber que a falta de atendimento diário em um posto de saúde aqui e ali já era suficiente para eliminar uma boa parcela de gente da sociedade sem intervenção natural além de um básico descaso; ajeitou o boné do silêncio do suicídio e esperou a engrenagem voltar a funcionar, estava ficando entediado. 

“E eu não quero mais descer
Não tenho medo de você
Eu só preciso de você
Não tenho medo de me perder
Por aí”


Mas-mas feito quin-quin-ze anos Aline era jovem como aquela neblina nos o-olho-olhos da madrugada que espreitavam a madrugada na esquina com a rotatória partiu para seus aposentos mais cedo que o virar do dia; a olhar a chuva de parabéns vindas em palavras quase todas visualizadas. E antes que despencasse sobre a mesma chuva de palavras repetidas e misseis lançados a Israel outra mensagem me tirou a atenção (antes que a atualização do feed pudesse desdobrar em coisas mais longas).


"Oie! Socorro a gente ta em Santa Isabel
n tem mais ônibus
.”

O último ônibus virou a curva da ilha junto ao trem com os corpos vindos da Malásia.

Perdidas na ilha mais gelada que qualquer outro ponto daquela região sem semáforos e ruas largas sem túneis subterrâneos ou encanamentos que fizessem baldeação entre Santa Isabel e Arujá decidiram chamar a ajuda para o tapete ao qual um bêbado tropeça, o irmão. Re e Tat eram as arteiras do inesperado, a surpresa — couberam perfeitamente no meu colchão como peças de tetris a cair sem alteração no ângulo, deixando minha cara afundada no meio na hora de dormir.

[O cara que supostamente vigia a vizinhança passa com sua motocicleta e nenhum carro vem lhe acertar no cruzamento]

A cabine mais alta da roda gigante ficou inclinada.
Eu tentava puxar a bicicleta pela ladeira de costas essa hora, puxar a punho firme como se estivesse... Se eu pudesse colocar aquelas angustias numa esteira e pisar com vontade numa caminhada imaginária. Pensando a fluxos rápidos, por audácia ou demérito percorrendo o tempo de intervalo entre ir e voltar para nossas casas, enquanto a cueca ridícula queria apresentar-se por si só com aquela caminhada.

Sem arrumar as roupas, a ruiva chegou a casa beirando a meia noite, beijou o par que seguiria pela trilha abandonada dos macacos do espaço; o pirata jogou com desdém o chapéu em alguma caçamba de lixo sabendo não ter cometido nenhum crime, não conseguia ser violento, mas aquela tal justiça nas suas condições não o absolveria apesar disso, trocara a faculdade por visitas a tatuadores e botecos, portanto: escondeu seu chapéu pirata de crimes cúmplices debaixo das máquinas da mãe. Sabendo que cresceria coisa de um level esse ano. Uma rua cumprida sem luz alguma no seu meio; na ponta claro perto da casa de jogos uma casa para colocar quatro filmes sem legendas numa ponta de oito gigas. Dez minutos restantes e não tinha mais seu cigarro, na penúltima rua matou o maço inteiro; usufruiu por completo desde a marca no dorso da mão e o compartilho com os parceiros. 

A xícara de café virou-se no tapete, mas o vento gelado pela porta aberta congelou o líquido antes que lhe encostaste a testa neurótica, não era noite dos andarilhos saírem a bater pernas por quilômetros, mas foi assim aproveitada uma folga que sumia como o barulho de bombas vindas de muito ódio e do trago dado com esforço nos últimos cigarros. A polícia parou mais um veículo no posto logo acima, os jovens não pareciam limpos. E era uma madrugada no meio da semana.


/ Ruas.

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